Sim, a raça importa!

Sim, a raça importa!
O politicamente correto contamina com alguma frequência o discurso sobre este assunto, abordando-o com palavras românticas quando o deveria fazer com um ponto de vista crítico. Trata-se de uma mensagem que tem ganho uma grande aceitação entre a comunidade canina e que inclusivamente se ouve da parte de alguns profissionais – afirmar que a raça de um cão em nada ou muito pouco influencia o seu comportamento e seu temperamento e que todas as manifestações indesejáveis da sua conduta se prendem com falhas na sua educação.
Sem qualquer sombra de dúvida que o papel dos donos e todo o contexto onde cresce e se desenvolve é fundamental para compreendermos os comportamentos de determinado cão, no entanto, as características típicas de determinada raça é uma realidade que não deve ser ignorada.
As raças são fruto de uma selecção artificial em que se procurou repetidamente a consolidação e a manifestação de determinadas características bem definidas, tanto comportamentais, como físicas.
Em muitos casos, os comportamentos e reações dos exemplares são orientadas para uma determinada função (caça, guarda, etc); esta função faz com que determinadas características sejam desejáveis e outras não.
Esta ideia não implica qualquer juízo de valor sobre a pertinência ou não da seleção artificial e do aprimoramento das raças; mas por sorte em alguns casos e azar noutros, os cães são descendentes de antepassados que consolidaram a sua genética através da influência humana. Houve os que persistiram, porque se adaptaram às exigências explícitas e implícitas, intencionais ou casuais, dentro do contexto social em que viveram e se reproduziram. E tudo isto se aplica independentemente de haver um reconhecimento oficial por parte de qualquer instituição de canicultura (FCI, CPC, etc) ou existência ou não de papéis oficiais (LOP, Pedrigree) – o cruzado, mestiço ou “sem raça definida” é também resultado de uma herança genética e grande parte das variáveis que consolidarão a sua conduta, temperamento, capacidade de aprendizagem e a sua docilidade, estão impressas no seu ADN antes mesmo que nasça.
Isto por si só poderia não constituir um problema, mas a realidade é outra. Muitas pessoas através das “criações comerciais” acabam por adquirir exemplares com características que não se compatibilizam com o seu estilo de vida. Seja por questões de “moda”, ou por escolhas baseadas na estética do cão, muitas pessoas cometem o erro de adquirir cães que não serão aquilo que perspetivam.
São muitos os donos frustrados porque não conseguem corresponder às necessidades e exigências dos próprios cães, o que origina problemas de comportamento – o discurso de que “a raça não importa” em nada ajuda estes donos nem os seus cães, e consolida a baixa confiança do dono e a persistência dos problemas.
TODOS OS CÃES PODEM SER MARAVILHOSOS, MAS NENHUM É ADEQUADO PARA TODAS AS PESSOAS.

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